Casa de Tranqueiras – É desapegando que a gente se entende

Quem acompanha este blog sabe que nos mudamos de apartamento (“nós” somos eu e Mirella, que por acaso é minha esposa) há poucos meses, mas antes disso, há cinco anos, nos mudamos de cidade. O que logicamente é algo bem mais difícil. Não apenas pelo desafio de se adaptar a uma novo ambiente, mas também pela necessidade de adquirir uma velha conhecida de quem já passou por isso: a prática do desapego.

Quando você é solteiro, todas as escolhas dependem de você. Só que se você se mudar para um apartamento no qual vai morar sozinho, pode ser até um quitinete: provavelmente será um pouco maior que o seu antigo quarto de dormir na casa dos pais. Ou seja, você terá mais espaço, e seu maior problema será basicamente onde reencaixar tudo de forma a deixar a casa ainda com cara de casa. Por mais ogro do lar que você seja, não acredito, por exemplo, que você vai usar o armário da cozinha para guardar livros. Ou vai?

Mas quando você entra nesse processo e faz parte de um casal, as chances de uma possível DR temática serão grandes. O tema da DR será: “o que nós pretendemos para essa nova casa?”. Na prática isso significa uma delicada negociação para que cada membro do casal consiga conservar um mínimo de objetos que façam parte de suas respectivas histórias pessoais, e ao mesmo tempo achar um denominador comum para os próximos objetos a serem adquiridos.

Além disso, será necessário reavaliar a hierarquia de seu novo patrimônio conjunto. Onde vai ficar aquela coleção de bolsas ou bonecas que ela tanto adora, mas que você acha uma bichice sem tamanho? O que será daquele poster do seu filme favorito, mas que não significa nada para sua mulher? Isso se ela não ODIAR o filme em questão.

E daí no meio da negociação, se você for como eu e Mirella, duas pessoas um pouco “espaçosas” nesse aspecto, uma conclusão será evidente: a menos que você tenha muito dinheiro para comprar uma moradia com mais de 300 metros quadrados em São Paulo (algo na casa do milhão de reais hoje em dia), sua nova casa não terá lugar para tudo que era seu na casa dos pais. Vem o doloroso momento do desapego. Que livros deixar? Que quadrinhos vão ficar? Que pôsteres vão para o lixo (ih…)?

Além disso, quais critérios serão utilizados para cada coisa? Um livro vai para o estoque de acordo com a sua utilidade ou pela memória afetiva? Um poster será escolhido pela importância do seu tema na sua vida ou pela beleza plástica? O pior é quando você decide tudo e repassa suas decisões para a cônjuge, mas ela não concorda, com contra-argumentos como “ah, esse poster é muito feio, coisa de adolescente” ou “você tem discos demais”.

Nesse ponto da discussão, caro leitor, não tenho como te ajudar muito mais. Cada um sabe a esposa que tem e apenas tente lutar com as armas que dispor. Defendo apenas os direitos e deveres iguais no casal: se você se livrou de excessos, ela também terá que se livrar. E os argumentos usados podem ou não valer para as duas partes interessadas. Só te desejo boa sorte e algum bom senso. Lembre-se ainda que de vez em quando ela poderá sim ter razão. Afinal, não é coisa de adulto ter uma estante abarrotada de action figures – ou de bonecas, no caso dela – e não ter lugar para colocar o fogão.

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Márcio Padrão é jornalista, autor do Quadrisônico, marido da autora do blog e fã de cultura pop.

Uma estante que te estimula a ler

Responda rápido: quantos livros você vem guardando na estante para serem lidos quando você tiver “tempo”?

Tenho certeza que a resposta foi pelo menos uns dois, vai…

Foi pensando nesses livros ainda não lidos que o designer gato americano Chris Cushingham criou a estante Balance.

A proposta é a seguinte: você coloca os últimos livros que leu de um lado e os que faltam ler do outro.

Como a estante funciona como uma balança, você fica mais motivado vendo o lado dos livros lidos ficando mais pesadinho que o lado dos não lidos.

A estante é linda e por si só funciona como um item decorativo na parede.

Quem quiser uma igual pode comprar na loja online do designer pela quantia fofa de US$ 350 + frete US$ 100 (ai ai ai titia!).

Meu aniversário já passou mas ainda estou aceitando presentes! :)

Orbe – um escritório coworking lindo em Recife!

Todos os dias é a mesma coisa. Sento a bunda na cadeira cerca de seis horas para pesquisar sites, revistas e livros em busca de ambientes, tendências e referências tchubarubas para mostrar aqui para vocês.

Sempre fico animada quando encontro uma imagem bonita ou uma ideia imperdível. Mas quando as fotos que encontro são de um projeto de um amigo ou parente, a coisa fica muito mais empolgante.

Guilherme Luigi é designer e meu primo. Eu sabia há alguns meses que ele estava com um projeto de criar um escritório de coworking em Recife mas não sabia como seria.

Para quem não sabe, um escritório coworking é um espaço onde vários profissionais trabalham independentes um dos outros mas no mesmo lugar.

É uma grande sala coletiva, onde você aluga o seu espacinho para trabalhar, com toda a estrutura e com outros profissionais de diferentes áreas para trocar ideias. Ótimo para freelancers, para quem gosta de companhia e para gente que não consegue trabalhar bem em casa.

Vamos combinar que é muito mais fácil manter a disciplina e o foco em um lugar destinado unicamente para o trabalho. E o contato com outros profissionais sempre dá um up na criatividade e na organização das ideias.

Pois bem, o lance é que designers nunca simplesmente abrem uma empresa :) Eles costumam pensar em tudo. Todo o visual é milimetricamente planejado e o resultado é que a Orbe Coworking é uma coisa de linda!

Vamos conhecer?

Orbe Coworking

Proprietários: Guilherme Luiggi – Designer gráfico e produtor cultural
Ticiano Arraes – Designer de produto e produtor cultural

Local: Edifício Pernambuco – Dantas Barreto, 324 / Recife – PE

Como foi o processo para definir o ambiente e a decoração da Orbe?

“O projeto arquitetônico é de Marília Matoso, em paralelo com Ticiano Arraes, meu sócio. Fomos procurando as referências do centro da cidade e soluções interessantes em sites como o Pinterest. Daí em diante foi um trabalho de curadoria.

Marília montou o que seria a planta do espaço, pensando nos usos e fluxos. Nós fomos opinando e nos encarregamos de escolher os móveis e as estampas da Orbe.

Entre a definição do layout e o termino da obra, passaram-se quase dez meses.”

E quais foram as escolhas para os ambientes?

“O edifício Pernambuco é bem “decô”, com varandas arredondadas nas quinas. O escritório ocupa o andar inteiro e é um vão com 3 varandas.

Mantivemos o piso original de taco, que foi recuperado e utilizamos revestimentos típicos daqui como o cobogó, pra separar a área de recepção do salão, e o ladrilho hidráulico na copa.

Colocamos toda a parte elétrica externa para aproveitar uma estrutura prévia que havia no local da época em que a Secretaria de Educação funcionava no edifício.

Utilizamos também algumas gambiarras, como uma cúpula de papel vegetal e papéis especiais cortados com os padrões do cobogó e dos ladrilhos da copa.

Com todas essas ideias, chegar nas cadeiras de ferro com macarrão colorido foi um pulo. Achamos um ferreiro que encontrou as cadeiras e as reformou com as mangueiras coloridas que tivemos que ir atrás.”

Como é a estrutura da Orbe?

“Temos um salão onde cabem confortavelmente 35 pessoas, podendo chegar a 45; uma sala de reunião climatizada com projetor e flipchart; uma copa equipada com gelágua, frigobar e uma máquina de café da Delta Expresso; 16 lockers para os coworkers guardarem os materiais se quiserem; dois banheiros, um feminino/acessível e um masculino; e a área do caixote, uma biblioteca colaborativa onde os coworkers podem deixar os seus livros para os outros consultarem.”

E a decoração das paredes? Algum destaque em especial?

“Temos um numero oito de madeira que era do antigo letreiro do Cinema São Luiz (cinema tradicional no centro do Recife inaugurado em 1952 e ainda em funcionamento.)

Em todo coworking temos reproduções de fotos do acervo do museu da cidade do Recife vindos de uma exposição e livro organizados pelo fotógrafo e pesquisador Josivan Rodrigues.

A gente achou que as pontes do Recife, tema das fotos, tinham tudo a ver com a ideia de coworking. A ideia de fazer a ponte entre as pessoas.”

Caí de amores! Ah se eu ainda morasse em Recife ;)