Temos mania de comprar cacarecos por aí. Acumular enfeites e objetos só porque são bonitos ou “estavam por um preço ótimo!”. Eu me incluo nessa lista, não me faço de inocente não. Adoro comprar um apetrecho novo para cozinha ou alguma coisinha “superfuncional e bonitinha” para o escritório. Mas pelo menos no que se trata de objetos de decoração, tenho tentado só guardar e ter coisas que realmente me tocam.
E é pensando nisso que não tenho dúvidas quando, em alguma viagem feliz, encontro um objeto de decoração que me agrade. Esse objeto vai me lembrar dos momentos legais que passei toda vez que olhar para ele.
Os quadros que tenho na minha sala também não estão lá por acaso. Nenhum deles foi comprado em galeria ou loja de decoração. Três foram feitos por mim durante a faculdade de artes plásticas (época que eu guardo com muito carinho no coração); um eu fiz nos meus primeiros meses em São Paulo (quase como uma terapia); um foi presente dos meus pais e o outro é um anúncio de um grupo circence dinamarquês, discretamente surrupiado para mim, em um dia lindo, por um amigo querido.
Eles podem não ser tão bonitos como os dos exemplos citados no começo do parágrafo, mas colocam um sorriso no meu rosto toda vez que olho para eles.
Essa semana minha parede de quadros ganhou dois novos exemplares. E esses têm uma história muito especial para mim.
Desde que eu me entendo por gente, meu avô cultivava o hobby de criar coisas, ou “Tichuns”, como ele mesmo chamava suas invenções. Um Tichum poderia ser desde um novo banquinho para a casa de bonecas até um apetrecho para matar abelhas. Tudo devidamente construído numa minimarcenaria cheia de coisinhas que ele tinha perto da lavanderia da casa.
Nós, os netos curiosos, não podíamos mexer muito (tinha coisa que podia arrancar o dedo!!) mas adorávamos brincar com as ferramentas!
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O armário de Tichum do meu avô |
Quando vovô se foi no mês passado, pedi para minha avó a chave do armário dos Tichuns e perguntei se podia pegar alguma coisa de lembrança. Passei um tempão mexendo por lá (pensando na cara feia que eu ia receber se eu estivesse mexendo ali 20 anos atrás! hihihi), tanta coisinha guardada… Sabe aquele monte de coisa que a gente guarda, pois pode precisar para algum “projeto craft” um dia?!? Pois é, acho que ele pensava o mesmo. Daí me dei conta que o meu DNA de criadora, cheia de invencionices, que eu achava ter vindo da minha mãe, veio de um pouco antes.
E acho que foi esse mesmo DNA que me fez escolher três objetos em especial: um molho de chaves antigas (que estavam presinhas em um arame); uma chave antiga com a base de madeira e um arame que a prendia a porta, e um conjunto pequenino de chaves de fenda (que depois minha avó contou que era das bicicletas da minha mãe e das minhas tias quando elas eram crianças!).
O conjunto de chaves de fenda tá na minha “caixinha de Tichum”, para trazer inspiração. Já as chaves… Eu achei elas penduradas na porta do armário do meu avô tão bonitas que sabia exatamente o que iria fazer quando as escolhi.
Agora, além do sorriso no rosto quando olho para a minha parede de quadros, eu também sinto um bocado de saudade.